segunda-feira, 4 de junho de 2007

A maldição de Davy Jones




Quando o De La Soul cantou que três era um número mágico, não tinha nada a ver com cinema. Mas se o assunto fosse esse, definitivamente 2007 estaria fora dessa lógica- ou estariam cantando sobre uma mágica muito, muito ruim.

Piratas do Caribe: No Fim do Mundo não é detestável como Homem-Aranha III, mas está a oceanos de distância (ha ha) dos dois primeiros.

Confesso que não gosto muito da trama do Davy Jones. A história do pirata morto-vivo sem coração é legal, mas acho bobo o design cefalopóide, e os piratas com visual de monstro dos Power Rangers. Foi divertido no segundo filme, mas poderia ter ficado por ali. A coisa complica muito quando ele não só retorna no 3o filme, como ainda tirou fora o coração (?) depois que se apaixonou, foi enganado (?) e abandonando (???) pela personagem feiticeira do pântano legal do filme anterior que se revela a deusa do mar Calypso (????). As interrogações são sinceras: não sei exatamente se entendi o que a trama do filme, mas definitivamente ficou estranha essa reviravolta meio Neil Gaiman. A série não precisava de mais Davy Jones, muito menos de uma deusa do mar aprisionada.

A verdade é que na primeira hora, dá até para tentar acompanhar as reviravoltas forçadas, intrigas fajutas e desvios de caráter fantasiosos dos personagens. Mas depois de um tempo, fica desinteressante e cansativo, e a única coisa que restava era um desejo por batalhas divertidas - porque diversão na figura do Jack Sparrow, que já começou a ficar manjada, também estava difícil. O tal Davy Jone´s Locker também é um saco. Os carangueijos de propaganda de cerveja e as alucinações do Jack Sparrow são dadaístas demais pro meu cérebro cansado, que vai ver um filme da Disney esperando piadas ingênuas, combates piratas e fantasia descompromissada, e não um purgatório saido de alguma mente chapada de ácido.

Tão confuso quanto o filme, navego agora para as batalhas. Se nos dois primeiros eram legais, no Fim do Mundo, a primeira é escura, as demais são esquisitas e a final é simplesmente boba. Lorde Beckett da Companhia das Índias Orientais se porta como um verdadeiro cagalhão e deixando seu navio ser impunemente despedaçado pelos canhões inimigos. Outra: a libertação da Calypso(afinal, porque foi aprisionada?) não muda muita coisa (desculpem: se mudou, foi porque cochilei e não percebi). Pelo que me lembro, ela vira um redemoinho, ou crustáceos, ou uma tempestade, não entendi bem, atrapalha aqui e ali e cinco minutos depois já não faz mais diferença alguma no filme.

Alguns momentos dão até indicações de um caminho que poderia ter sido muito legal: a Irmandade pirata e a idéia dos nove lordes é bem divertida. Por mim, o filme tinha girado ao redor dos tais lordes piratas, com rolês marítimos e batalhas contra cada um deles, caricatos e bacanas. O Keith Richards mesmo é um cameo super bem vindo, com um personagem que poderia ter contracenado mais vezes durante o filme com o Jack Sparrow e ter trazido bons ventos e ânimo para as piadas meio cansadas. Cingapura por exemplo é um começo bem de acordo com o que esperava para o terceiro filme, e poderiam ter seguido essa linha.

A trilogia foi muito divertida, e o terceiro filme não é exatamente ruim, embora também não seja bom. Por mim, podiam investir nesse filão, de filmes de aventura baseados em brinquedos da Disney. O brinquedo favorito da minha mãe era o Piratas do Caribe. Eu preferia a Montanha Russa do Velho Oeste:)

Um comentário:

Barba disse...

Veja bem, eu gostei muito do Davey Jones Locker e das pirações do Sparrow - cara, o inverno dele é capitanear um navio onde todos os tripulantes são ele mesmo! Os carangueijos, o deserto, a feitiçaria da bruxa, tudo foi bacana.

MAS eu imaginava que a aventura pra resgatar o Jack Sparrow fosse demorar um pouco mais - pelo menos metade do filme. E fosse envolver combates e aventuras pelos cantos do mundo, etc. Também imaginava que o Davey Jones - cuja estética eu acho bem lega - fosse usado como um elemento secundário na história e que o malzão e vilão do final fosse o Viceroy inglês que controlava ele.

O plot da deusa foi completamente desnecessário. COMPLETAMENTE. O dos lordes piratas tinha tudo pra ser legal se eles tivesse LUTADO no combate final ao invés de simplesmente assistir tudo. Keith Richards só é divertido, não acrescenta nada à história.

Agora o ponto alto do filme pra mim foi o final. Odeio final feliz, logo curti esse final meio termo - especialmente a cena de depois dos créditos.

E bem, eu curto ver os piratas sujos, bêbados, violentos, traiçoeiros e sem qualquer traço de decência. Era isso que eles eram - mesmo em clássico como "A Ilha da Garganta Cortada".

: )