domingo, 25 de março de 2007

Mundo das Trevas

Ano passado, quando ainda fazia parte da equipe do site Rede RPG , que foi responsável pela revista Dragão Brasil das edições #112 a #120, recebi o livro Mundo das Trevas para escrever uma resenha. Ela nunca chegou a ser publicada, e essa semana saiu uma resenha do meu antigo editor para o mesmo livro, na Rede RPG.

Como ele afirmou no site que não gostou da minha resenha e optou por fazer uma ele mesmo, estou publicando minha versão aqui no blog.

As instruções que recebi determinavam que ela fosse pequena, por volta de 4 mil caracteres. Assim, optei por não entrar em discussões mecânicas profundas.



Em 2004, a White Wolf deu início a sua nova linha de jogos de horror contemporâneo (substituíndo o horror pessoal de Vampiro: A Máscara) com o lançamento do livro básico World of Darkness, focado em uma apresentação ampla do cenário e nas mecânicas necessárias para a condução do jogo utilizando o sistema Storytelling (substituíndo o antigo Storyteller).

A Editora Devir, responsável pela publicação dos títulos da White Wolf no Brasil anunciou que encerraria o antigo Mundo das Trevas e passaria então para a publicação do novo. Dois anos depois, munida de pesquisas de opinião entre os jogadores, a editora decidiu lançar o novo cenário em paralelo com a continuidade da linha antiga. Assim, o livro Mundo das Trevas, lançado em abril desse ano, é o primeiro título dessa nova linha a receber sua versão traduzida no Brasil.

Manual básico do novo cenário, O Mundo das Trevas é primariamente um livro de regras, embora apresente o cenário de uma maneira ampla, além de entrecortar os capítulos com pequenos contos. O Mundo das Trevas é um cenário focado no mistério, suspense e horror moderno, tendo uma proposta mais ampla que sua antiga versão, iniciada no começo dos anos 90 com o lançamento de Vampiro: A Máscara. O abandono do polêmico horror pessoal de em prol de uma proposta mais abrangente foi acertada, encerrando as discussões sobre o distanciamento dos títulos da White Wolf, em particular de Vampiro: A Máscara de suas idéias originais. O novo Mundo das Trevas foi desenvolvido visando permitir uma grande variação de histórias focadas em seus pontos principais. Embora as criaturas sobrenaturais ainda sejam o núcleo da linha, o novo livro básico parte da premissa que os personagens são humanos, sem poderes sobrenaturais, vivendo em um mundo com tons mais fortes de desespero, mistério e violência. Seu contato com o sobrenatural não é mais obrigatório, e as regras do livro básico tratam apenas da construção de personagens mortais (embora no fim do livro estejam presentes regras para a construção de fantasmas, devidamente atualizadas de acordo com a errata online liberada pela White Wolf). A sequência de construção de personagens passa sempre pelo O Mundo das Trevas: assim, vampiros, magos e lobisomens são primeiro construídos como humanos de acordo com o livro básico, recebendo apenas depois suas características únicas.

A tradução dos livros da White Wolf não é tarefa fácil, embora em um livro que privilegie a mecânica, as complexidades da adequação de termos que muitas vezes remontam a gírias ou ao inglês arcaico seja atenuada. O trabalho executado no Mundo das Trevas foi competente, embora algumas escolhas da tradução sejam questionáveis: termos familiares aos antigos jogadores, como Lábia, Empatia com Animais e Segurança foram substituídos (respectivamente por Astúcia, Trato com Animais e Furto). Alguns erros (como Recuperação Rápida, que custa 4 pontos no original, mas foi impressa custando apenas 1 ponto) serão corrigidos em uma eventual errata, mas não chegam a prejudicar o trabalho da Devir como um todo. O tratamento gráfico do livro não deve nada ao original, apresentando alta qualidade de impressão.

Após O Mundo das Trevas, o próximo na fila de lançamentos da Devir na linha é Antagonistas, suplemento que trata de aliados e adversários para os jogadores no novo cenário, de caçadores de monstros a zumbis e cultistas. Após o lançamento de Antagonistas, o caminho estará livre para o lançamento de Vampiro: O Réquiem, possivelmente o mais aguardado título da nova linha da White Wolf no Brasil.

(de 1 a 6)

-Layout/Arte 4

-Texto 5

-Conteúdo 4

Nota Final: 4 (Editado!)

Algumas explicações adicionais para as notas, postadas originalmente na RedeRPG.

O texto do livro é muito bom, embora não seja perfeito, como é, digamos, Castelo Falkenstein. Além disso, a tradução também escorrega um pouquinho.
Assim, acho adequada uma nota 5.

O layout e a arte são bons, mas nada que fuja do padrão que vigora nos livros de RPG norte-americanos e mesmo algumas linhas nacionais. Na verdade, acho que faz falta o peso de um Tim Bradstreet em destaque no livro, por exemplo. Nota 4.

O conteúdo é bom, mas há falhas. Concordo com sua avaliação que a White Wolf tem bagagem para desenvolver um capítulo sobre narrativa mais competente, e acredito que o suporte que o livro dá para o desenvolvimento de uma crônica de horror não é tão completo quanto o "jogo independente ambientado no Mundo das Trevas" da contracapa afirma. Logo, nota 4.



Um comentário:

Barba disse...

cara, achei resumida demais. não obstante concordo com o que você escreveu.